Friday, December 30, 2005

"Será?"

"- Olha, Vó, um cachorro de sapato!
- O quê?!
- É, de sapato...olha! Ali na calçada!
- Eu não acredito! Um cachorro, de sapatos? Será?
Não é o corte do pelo não?
- Não, não! Olha agora, dá pra ver!
- Meu Deus! Sapatos no cachorro...como é que pode?
Isso devia ser proibido!
- ...."

Saturday, December 10, 2005

"Mande as órdi,dotô"

Tanto tempo e tanta campanha, adianta? Os vilarejos remotos continuam esquecidos, entretidos pela "rádio da cidade", enquanto todo aquele povo segue dizendo: "Inda tem doido por aí sem querê que chova! A sinhora já viu disso?"
E a caminho do sertão ainda se vê ávore seca e gado sofrido, magro, buscando abrigo nas sombras áridas dos arbustos secos que resistem.
Os oficiais ainda pedem parada aos motoristas para o "guaranazinho do Natal".... preocupação alguma com a regularidade ou não do motorista. "Tudo bem? Mande as órdi, Dotô!"
E a tal da globalização e o desenvolvimento do povo e para o povo, só Deus sabe onde estão e até onde chegam.

Thursday, November 24, 2005

Cíclico

A monotonia, a falta do que fazer. E aos poucos surgem novos planos, perspectivas e expectativas. Tudo passa da calmaria interna a um turbilhão que antecede a realização daqueles planos. É apenas expectativa. E esse turbilhão também se transforma em calmaria, se a espera é muito longa. E agora? Planos já foram traçados e as próprias ansiedades se dissolveram na clareira de idéias e ideais. "Para onde partir deste ponto? "
Mas dentro de pouco tempo realizar-se-ão afinal aqueles planos até agora escanteados. E todo o turbilhão volta a reinar e tudo se movimenta de tal forma que não há lembrança daquele momento de calmaria e segue como se tudo fossem planos e expectativas. É um ciclo, sempre um ciclo.

Thursday, November 03, 2005

“É que Narciso acha feio o que não é espelho”

Enquanto uns se esforçam tanto pra dar do pouco quem têm e valorizar tudo o que se mostra ao seu redor, outros, coitados, sequer notam que há qualquer coisa além do ”espelho”.
Pior! Quando notam acham “feio”, pobre, ruim, que seja.
Tantos espelhos e tanto ao redor deles!

Wednesday, October 26, 2005

Um encontro

Era dezembro, um animado grupo de pessoas aguardava alegre e pacientemente em frente a uma porta sobre a qual havia uma placa dizendo: “Chegada / Arrival”. Não eram os únicos a conversar incessantemente, na tentativa de driblar a eternidade que duravam aqueles minutos de espera, mas eram, como de costume, os mais notados.
Havia dentre eles, porém, três meninas em cujas feições e ações se podia notar maior avidez do que nas dos demais. Pareciam esperar com mais ansiedade. Talvez pelo fato de esperarem não um, mas dois grandes (e “forasteiros”) amigos que chegariam no mesmo avião, apesar dos diferentes lugares de onde vinham. Um deles traria ainda uma nova companheira.
Seria ela tão “ávida” quanto os outros cinco?
Mas a euforia era grande demais para ocuparem a mente com qualquer que fosse a pergunta por muito tempo.
Continuavam a conversar... Depois de passados em torno de vinte eternos minutos chegava o esperado momento! Surgiam os três pela tão observada porta! Partiram todos então para a conturbada sessão de cumprimentos felizes, saudosos...confusos, afinal.
E mais uma vez se destacavam aquelas três. Agora mostrando pequenos papéis, visivelmente improvisados, cheios de coisas escritas aos recém-chegados. Pareciam os cincos, neste momento seis, aliás, fazer uma seleção, ou aprovação do que havia escrito ali.
E seguiram contando as novidades, rindo e analisando, sempre atenta e criticamente os papéis agora já disputados por vários outros, que aparentavam sugerir mudanças.

Tuesday, October 25, 2005

Paciência?

A paciência é, definitivamente, um estado de espírito. Ninguém é paciente...será?
- “Estás com paciência?”
- “Diga, você quer o quê?”
- “....”
- “Ah!!! Por favor....Não me faça perder a paciência!”
Se sou paciente... ? Não. Passo por momentos do tipo. Quem conhece sabe.

Sunday, October 23, 2005

Que pergunta...

Que pergunta...:"o comércio de armas de fogo deve ser proibido no Brasil?" Tantas outras mais relevantes(e fáceis de responder):"A compra de votos deve ser proibida no Brasil?","A manipulação jamais combatida da (falta de) opinião o povo deve ser proibida no Brasil?" apenas uma amostra do que realmente deveria ser priorizado como questão de mobilização social nesse nosso(nosso mesmo?) país. Me intriga pensar que enquanto a maioria da população brasileira reluta pra tentar sobreviver e superar cada dia como se fosse uma vida inteira, fazendo malabarismo com essa condição que sabemos que lhes é dada, de saúde, higiene, alimentação, tudo; os nossos "representantes" e líderes atirem em nossas mãos uma pergunta como esta que somos obrigados a responder hoje(23/10/2005).
O problema da violência no Brasil não existe pelo fato de as pessoas terem acesso a armas (de fogo ou não). O problema é aquele mesmo a respeito de que todos tivemos que opinar durante as aulas de Estudos Sociais e, mais tarde, Geografia política: "Qual seria a solução para a violência no nosso país?", pergunta para a qual tivemos, em nossa maioria, a mesma idéia de solução: dar educação a todos.
Como disse há pouco a um amigo, se a conjuntura do nosso país fosse uma redação, este referendo estaria fugindo ao tema! O corretor daria nota zero ao redator imediatamente...mas onde estão os corretores? Corretores que não entendem do assunto? Estes são fáceis de driblar... Este tão falado referendo está para o crime no Brasil como as cotas estão para a nossa problemática educação. A preocupação nunca está em proporcionar solução definitiva para os problemas do país, está, na verdade, em "mostrar serviço", tentar desviar a manipulada atenção do povo para uma pergunta como essa, com a intenção de demonstrar uma suposta procupação com o futuro do país, quando o que há é uma preocupação com a imagem que vai ficar de quando fulano e sicrano estavam no poder e como isso pode afetar a continuidade da sua corrida pelo poder e as regalias que vêm com aquele.
Um povo que não sabe quais são as funções dos políticos que elegem a cada dois anos não pode ser responsabilizado pela tomada de uma decisão tão polêmica e preocupante. Preocupante do ponto de vista da própria necessidade de decidir a respeito, já que o resultado não deverá alterar a realidade em que vivemos. Tudo bem, está na Constituição: "Todo poder emana do povo", mas a mesma Constituição também diz que todo cidadão tem direito a educação...onde está esta educação? Não se pode fechar os olhos para o fato de que aqui regras só são citadas quando beneficiam os detentores de poder e o poder de decisão só é deliberado quando estes detentores não querem se dar ao trabalho de resolver a questão-problema. Difícil. Ficam então as palavras e a insatisfação, vai o "SIM", na tecla "2", dentro de poucas horas e seguem a vida e as gerações, até que um dia alguém tire tantas palavras como estas dos cadernos, pastas e diários e as leve às pautas de atividades.